Leitura precoce

Por Alfredo Castro Neto
Os caminhos e os excessos de uma aprendizagem essencial. A maioria das provas existentes indica que a leitura e a escrita são sistemas separados, sob o controle de diferentes regiões do cérebro. As palavras que vemos numa pagina são processadas como uma representação visual de letras agrupadas em palavras. Esse processo é distinto da percepção visual de todas as outras coisas. Processamos as palavras como unidades visuais e não reconhecemos palavras inteiras tão rapidamente quanto às letras isoladas. A leitura é ainda mais acelerada pela regularidade das palavras e por nosso conhecimento prévio. Também existem amplas provas de que processamos visualmente as palavras em vias paralelas de visão e som cada um destas com seu próprio sistema neural separado - há, por exemplo, pessoas que lêem primordialmente pelo som. Essas duas vias independentes explicam porque algumas crianças aprendem a ler melhor amparadas na fonética (o som das palavras), enquanto outras aprendem melhor com técnicas lingüísticas em que as formas visuais complexas das palavras são aprendidas em contexto.
A tendência é pressupor que a leitura seja uma parte natural, geneticamente programada, do desenvolvimento completo da linguagem, e que as crianças a aprendem tão facilmente quanto aprendem a falar.
Não há diferença.
A televisão tem desvendado todo o segredo através dos anúncios comerciais. Quando o locutor anuncia uma marca com voz alta e clara, e na tela aparece o texto do anuncio com letras claras e grandes, todas as crianças aprendem a reconhecer as palavras - chaves, embora nem sequer conheçam o alfabeto. Para o cérebro não há diferença entre "ver" uma forma ou "ouvir" um som. O órgão entende os dois geralmente bem. O importante é que os sons sejam significantemente claros e altos para que o ouvido os possa ouvir, e assim, ele possa interpretá-los
Normalmente, essas pré-aprendizagens se revelam um desenvolvimento espontâneo na criança, alternando com outros jogos o lazer infantil.
Os pais devem ter cuidado para não transformar os interesses de leitura em uma tarefa demasiado sistemática e obrigatória. Às vezes, existem crianças obsessivas, propensas a uma dedicação quase exclusiva as manifestações da linguagem-escrita, e é provável que aprendam a ler um numero elevado de palavras ou a manejar um álbum de figurinhas com seu respectivo texto de mais de quatrocentos termos - não raro antes mesmo dos quatro anos de idade. Isto é realmente um desatino.
O que sabemos com certeza é que se aprende desde sempre. A primeira molécula só sobrevive mediante aprendizagem, adaptação e comunicação. Isso se aplica a cada célula, cada órgão, cada ser humano e cada comunidade que produz cultura.
* Alfredo Castro Neto - o autor é psiquiatra infantil, professor e membro do Conselho Consultivo da Abenepi - Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil / RJ.

Comentários

Anônimo disse…
QUERO PRIMEIRAMENTE PARABENISAR VCS TODOS E ESPEÇIALMENTE A TODOS QUE PARTIÇIPA DE SEU BLOG COMO EU ,ESSE BLOG VEIO PARA INTEIRAR NOS POPULAÇAO GUAIRENÇE DE TODOS OS ASSUNTOS
POR ISSO ADAIR NAO PODEMOS DEIXAR DE PULHICAR OS ACONTEÇIMENTOS TANTOS EM CRITICA COMO EM ELOGIOS PARABENS AMIGO ADAIR
CONTINUA COM SEU SONHO POIS PODERA OU SE JÁ NAO SE REALISOU OBRIGADA DE SUA AMIGA CLEUSA PIANI ABRAÇOS