O ARREGO DOS FALIDOS

Por Conrado Vitali de Oliveira, em seu Facebook 

 Miraflores é como aquelas comédias que ficam anos em cartaz na Broadway. O reino é uma usina de esquetes cômicos da vida real. Todo dia tem um novo e delicioso acontecimento digno de nota. A última semana foi assim. Já sentindo o peso da nova mão que balança o berço, donos de pasquins de quinta baixaram na sede de governo. Não sem antes pendurar a dignidade no cabideiro de seus negócios falidos. Sem cerimônia e como se nada tivesse acontecido há pouquíssimo tempo, foram ao palácio chorar as pitangas. Reclamam da nova realidade que os assombra. Sem os contratinhos públicos que os mantinham respirando,os órgãos de comunicação que há poucos meses participaram do golpe sujo (e fracassado) que tentou impedir a chegada do novo soberano ao poder são os mesmos que agora lambem os pés do comandante supremo. Coisa de réptil. Rastejam em busca de esmolas que tragam algum oxigênio às suas redações e garantam, pelo menos, o pagamento de parte dos salários miseráveis que entregam aos seus Agamenons. Não passa de chinelagem de quem está, de fato, desesperado: uns, por exemplo, querem que a corte pague por assinaturas de magazines caça-níqueis. Algo em torno de 600 contos de réis. Outra foi chorar como uma carpideira de velório na porta da sala do tesouro. Está estarrecida com o fato de, já no início do ano (as contas não param de chegar), não ter sido escolhida para publicar um ato oficial sequer da Casa Real. “Como é que eu vou ficar sem receber nada?”, teria dito na hora do pranto deslavado. A resposta está escrita nas estrelas, na forma de outra pergunta: “E por acaso a senhora acha que o dinheiro público é arrecadado para salvar sua incompetência privada?” A coisa piora consideravelmente quando já se avista, no horizonte da desgraça dos vendidos de outrora, a chegada do Pravda, o orgão oficial que vai enterrar de vez a necessidade que o Kremlin tinha de procurar por gazetas sem vergonha para publicar textos oficiais . O mais saboroso de tudo é a traquinagem do comandante supremo diante da situação. Político que não deixa de ser, ele vende a imagem que assumiu o Palácio para governar para todos os miraflorenses. Recebe, com “carinho” cínico, os donos e representantes dos pasquins e emissoras que tentaram destruir sua vida pública há coisa de menos de seis meses e até os trata bem. Esperto, não assume nenhum compromisso. Vai empurrando com a barriga que um dia já foi maior. Quando, depois de mais uma sessão “lava-pés”, os pobres diabos descem as escadarias do Kremlin , o soberano , finalmente sozinho depois da puxação de saco, derrama-se sobre o trono, esfrega o queixo com o dedo indicador e, olhando para o horizonte, sorri com o canto da boca, satisfeito, num regozijo de doce vingança, pensando alto: “estão todos comendo na minha mão....patifes canalhas....se deram mal e não se prestam sequer a ter a dignidade de não me procurar para falar em dinheiro...Acabei com eles...” . Os patrões quebrados deviam fazer como seus empregados, os jornalistas de conveniência que, para dar de comer à prole, diversificaram sua sina esmoleira arriscando-se em "promissores" negócios de canecas de “prástico” e bolinhos de chuva. Em Miraflores, o arrego dos falidos é o orgasmo dos vencedores. Há quem diga que uma boa saída seria a venda de camisetas: "Quando o arrego é magro, o amor acaba"

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