Por Conrado Vitali de Oliveira, em seu Facebook
Pode-se dizer tudo dos idiotas; inclusive que são competentes em seus enormes esforços pela perpetuação da fama e da espécie. Como trazem no código genético de quadrúpedes o instinto que lhes garante a consciência da superioridade numérica ( são tão numerosos quanto os gnus que cortam a África subsaariana em rebanhos colossais formando manchas pretas gigantescas de ignorância ruminante avistadas por satélites ) se metem por todos os cantos. Estão em todas as calçadas, ruas e pastos mugindo de forma incansável. Nas redes sociais não poderia e não é diferente. Tal como bananeiras ou jornalistas incompetentes que podem ser encontrados, aos montes, em qualquer brejo seco, os idiotas povoam a internet com a obstinação de um jegue basculante, daqueles que inspiravam as letras divertidas de Luiz Gonzaga. É comum ouvir da espécie, entre uma lambida e outra de sal, que , por exemplo, no Facebook, curtidas em postagens são sinônimo de sucesso. É isso mesmo, os idiotas, que desde antes da morte de Nelson Rodrigues perderam a modéstia, se acham o próprio Mark Zuckerberg; evidentemente uma violência sem precedentes contra a reputação de genialidade do Vale do Silício. Entre estes “especialistas” há uma cordilheira de perdedores que não se emendam na capacidade atávica de dizer asneiras. Ora, peguemos, para humilhação consistente dos fracassados, um exemplo que nos é bastante “familiar”, se é que podemos usar esse termo fofinho. Se curtidas em posts do Facebook fossem sinônimo de sucesso real e aprovação incondicional, em Guaíra (SP), o então candidato José Carlos Sumiu Augusto teria vencido as últimas eleições de lavada. “Sumiu Augusto”, durante toda a campanha, colecionou um zilhão de curtidas em posts dos lacaios que tentavam convencer o universo virtual da importância de sua permanência no poder. Não adiantou patavina. O “campeão de curtidas no Facebook” levou, como todos sabem e muitos ainda não aceitam, uma surra nas urnas. Fácil de entender. Em cidades pequenas, como é o caso de Guaíra, os frequentadores das redes sociais sofrem do que pode ser chamado de “Síndrome da Padaria”. Como seu universo diário de relacionamentos é muito pequeno a chance de encontrar algum “alvo” de críticas nas redes sociais na padaria, logo na manhã seguinte ao ataque, é bastante razoável. Assim, para não se comprometerem e preservarem a política da hipocrisia, evitam curtir, no Facebook, críticas a conterrâneos, mesmo que ao lê-las, esfreguem as mãos de prazer e, se brincar, sujem a tela do computador, tablet ou smartphone com fluídos corporais viscosos. O sujeito lê, goza...mas não curte. Assim, no outro dia de manhã, ao encontrar, no balcão da padaria, o pobre diabo espinafrado de véspera, vai parecer que não aprovou a crítica que tanto prazer secreto lhe causou e que ," sequer, teve tempo de lê-la". Desse modo a vidinha na cidade do interior vai sendo tocada sem muitos constrangimentos ou inimizades. Ato contínuo,lá no fundo, longe do julgamento e das reações em manada, o mesmo sujeito que foi obrigado, em nome da convivência social num espaço geográfico esquálido, a esconder seu prazer, transforma-se, na boca pequena (aquela que não fica gravada em linhas do tempo) em um vetor multiplicador da crítica que considerou corajosa e inteligente. Os idiotas ainda não perceberam que foi justamente isso que destruiu qualquer chance de vitória dos jumentos azuis. Portanto, você, leitor, na hora em que ler asneiras do tipo “ninguém curtiu o post dele” não compre a imbecilidade feito o idiota que a produziu. Na dúvida, consulte o dromedário mais próximo. Certamente , com a corcova nas costas, ele será muito mais lúcido que qualquer gnu que confunde tamanho de manada com força estratégica.
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