MINISTÉRIO PÚBLICO ENQUADRA JORNAL O GUAÍRA E CÂMARA MUNICIPAL

Por Conrado Vitali, nas redes sociais: 

 Um dia antes de perder batalha judicial histórica para esta coluna, o jornal "O Guaira" e sua proprietária, Inara Lacativa, foram enquadrados pelo Ministério Público, que pôs fim à excrecência da "Resenha do Parlamento", espaço pago com dinheiro do contribuinte com o qual o periódico favorecia a imagem pessoal de vereadores pagantes Nem as abóboras sobraram para o Pasquim de Bengala em outubro, o mês das bruxas. O Halloween de sua proprietária, a Infante Maravilha, foi devastador. A coluna conta enquanto o Pasquim esconde. Na data cabalística de 29 de outubro - exatamente um dia antes do jornal O Guaira e sua "brilhante" gestora, Inara Lacativa, perderem batalha judicial histórica para este colunita (leia post anterior nesta linha do tempo sobre a vitória da "Larry Flint" e suas garotas) -a "empresária de comunicação" (sic) e o presidente da Câmara Municipal, Cecílio Prates, foram obrigados a subir as escadarias do Palácio da Justiça guairense.
A contragosto e constrangidos, foram ter com o Ministério Público local. Diante do promotor e de evidências arrasadoras apresentadas em representação do cidadão Antonio Roberto Emídio, o presidente do parlamento e a Infante foram obrigados a assinar termo de ajustamento de conduta que põe fim à uma excrecência que corria livre, leve e solta no relacionamento contaminado entre os vereadores da cidade e o orgão de imprensa conhecido, de longa data, pelos contratos suspeitos de publicidade oficial que sempre manteve com o poder público:a "Resenta do Parlamento". Trata-se de espaço sem vergonha mantido na páginas de O Guaíra com o fim de "cobrir" os trabalhos do legislativo. Uma "cobertura" paga por contrato de R$ 50 mil anuais com dinheiro da choldra. Uma "cobertura" que sempre mostrou, sem sequer disfarçar, por meio de fotos e manchetes fanfarronas, o quanto os vereadores da cidade - fossem eles da situação ou da oposição, não importa - "trabalhavam e se preocupavam com o povo".
Os textos sempre foram, sobretudo, uma comédia de mau gosto, um pastelão de quinta. Um exemplo (segure o riso): "Vereador Fulano apresenta requerimento preocupado com os buracos" e lá ia o parlamentar, todo pimpão, posar para foto ao lado de poças d´água e sarjetas trincadas fazendo cara de compungido como se aquela cena tragicômica,ao ser divulgada nas páginas de um jornal decadente e sedento por contratos públicos, fosse,de fato, ludibriar um cidadão que hoje tem acesso 24 horas à internet e suas redes sociais. Outro exemplo (contenha a gargalhada): "Entidade X recebe ILUSTRE visita do vereador Ciclano". Como se não bastasse a torpeza da intenção cachorra de promoção pessoal em cima de trabalhos sociais, a matéria tratava o papagaio de pirata como uma figura ilustríssima. Já não havia mais limite para o acinte e o desfaçatez com a inteligência do cidadão pagador de impostos, assaltado em sua dignidade por um contrato malandro. Corta pro Palácio da Justiça. Calados diante do peso da mão da que balança o berço, Inara e Cecílio ouviram em alto e bom tom o teor da decisão do Conselho Superior do Ministério Público: "a publicação, obrigatória, do relato das atividades desenvolvidas pelos vereadores da Câmara Municipal, evidencia promoção pessoal de seus pares". Na sequência, a punição exemplar que colocou ordem no galinheiro: "os compromissários (a Infante e o presidente "inocente" do Parlamento) se comprometem promover aditamento contratual, visando excluir a claúsula do contrato celebrado entre ambos que abrangia, entre as obrigações da empresa jornalística contratada, a publicação do completo relato das atividades ocorridos nas sessões da Câmara, a não serem mais publicadas as resenhas das sessões legislativas, em que se retratavam as falas indistintas dos vereadores, bem como outras informações que venham a caracterizar promoção pessoal dos mesmos". Trocando em saborosos miúdos: o jornal O Guaíra e a Câmara Municipal estão proibidos de praticar o compadrio que sufocava a verdade em benefício do marketing pessoal de vereadores pagos com dinheiro da choldra. Jornais decentes e comprometidos com o leitor devem fazer coberturas críticas do parlamento; em qualquer instância de poder: municipal, estadual e federal. Em Guaíra (SP), onde o vício do jornalismo marrom e a dependência do dinheiro público sempre ditaram as normas de relacionamento entre a imprensa e as sedes dos poderes constituídos, os leitores, feito trouxas, sempre pagaram três vezes para serem enganados: desembolsando o preço de capa do jornal, pagando pela assinatura do periódico e pagando também como contribuinte adimplente; já que que parte do dinheiro dos impostos que abastece a Câmara acabava voltando para O Guaíra na forma dos pagamentos cafajestes que garantiam a famigerada "Resenha do Parlamento". Vale lembrar que, na contramão dessa relação bandida aniquilada agora pela decisão exemplar do Ministério Público, o prefeito Sérgio de Mello foi o primeiro em toda a história de mais de 80 anos da cidade a acabar com os contratos suspeitos que a prefeitura mantinha, há décadas, com o jornal O Guaíra; motivo pelo qual foi vítima de campanha de ódio movida pelo periódico desde que a decisão de suspender os contratos, ainda em janeiro de 2013, foi tomada. Para tanto, Sérgio criou o Diário Oficial do Município, orgão oficial de publicação dos atos do executivo que a Câmara, como é feito em várias cidades paulistas, poderia aproveitar para também publicar suas informações. Como o universo e a estupidez humana são infinitos, a Câmara, em decisão de seus "sábios" integrantes - entre eles, também é preciso lembrar pelo bem da verdade, todos os vereadores governistas que perderam uma bela oportunidade de se alinharem à coragem do governo que defendem - preferiu continuar com a malandragem como se a opinião pública e o jornalismo independente fossem tolos e obsequiosos. Deu no que deu. Ao subirem, obrigados, as escadarias do Fórum, o presidente da Câmara e a herdeira do Jornal O Guaíra, no constrangido ato de assinatura do termo de ajustamento de conduta diante do Ministério Público, mostraram o quanto as decências política e jornalística na cidade desceram aos charcos de um pântano onde o que vale são os interesses pessoais. Nas imagens deste post, a decisão do Ministério Público que obrigou a Câmara e o jornal a colocarem o rabo entre as pernas e a "Bruxa Má do Oeste ", na adaptação inesquecível do clássico "O Mágico de Oz" (obra de L. Frank Baum) para o cinema em 1939. A Infante,diante da decadência do periódico que herdou de mão beijada, bem que poderia pedir a vassoura emprestada e procurar algo mais digno para fazer.....talvez mudar de ramo e partir para um camelódromo ou, ainda quem sabe, abrir um sebo especializado na comercialização de exemplares antigos do jornal O Guaíra, época distante em que o periódico ainda desfrutava de algum prestígio e poder. É tido como certo que o disfarce seria um sucesso. Até porque, especula-se, não se veria muita diferença entre a proprietária (da vassoura) e a comodatária.

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