Dos 80 médicos de Ponta Grossa, 60 fazem parte do Mais Médicos e devem deixar de atender, diz prefeitura

As Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, podem perder 75% dos médicos nos próximos dias, segundo a prefeitura.

 Sessenta dos 80 profissionais do município são cubanos e devem voltar ao país de origem depois do anúncio da saída do programa Mais Médicos, feito nesta quarta-feira (14), pelo governo de Cuba.

 De acordo com o prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel (PSDB), a população vai enfrentar problemas.

 "A situação vai ficar muito complicada. Haverá muitas filas. Faremos um remanejamento na medida do possível, mas não há profissionais suficientes para substituir”, prefeito Marcelo Rangel.


 O governo de Cuba anunciou, nesta quarta-feira, que decidiu sair do programa social Mais Médicos, citando "referências diretas, depreciativas e ameaçadoras" feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) à presença dos médicos cubanos no Brasil.


 Unidade Básica de Saúde Gralha Azul, em Ponta Grossa — Foto: Prefeitura Municipal de Ponta Grossa/ Divulgação De acordo com Rangel, inicialmente, será feito um remanejamento de médicos de carreira dos hospitais para as unidades de saúde. Ele afirmou que não há profissionais brasileiros suficiente para substituir os cubanos.

 O prefeito disse ainda que não vai fechar as unidades, mas não vai ter medico o tempo todo para atender. Rangel afirmou que a partir de agora vai estudar as alternativas para diminuir os impactos. 

Conforme o prefeito, há um trabalho intenso junto ao sistema jurídico do município para que algumas contratações possam ser feitas de maneira emergecial.

 "É um problema extremamente grave especialmente para a cidade de Ponta Grossa que tem um dos maiores números de médicos intercambistas por habitante no país", afirmou Rangel.

 Estamos trabalhando em regime emergencial com nosso sistema jurídico para de maneira mínima poder fazer algumas contratações emergências para dar um atendimento minico a população.

 Saída de Cuba do Mais Médicos 

O país caribenho envia profissionais para atuar no Sistema Único de Saúde desde 2013, quando o governo da então presidente Dilma Rousseff criou o programa para atender regiões carentes sem cobertura médica.


 "O Ministério da Saúde Pública de Cuba tomou a decisão de não continuar participando do Programa Mais Médicos e assim comunicou à diretora da Organização Pan-Americana de Saúde [Opas] e aos líderes políticos brasileiros que fundaram e defenderam a iniciativa", diz a nota do governo.

 Durante a campanha, Bolsonaro declarou que ele expulsaria os médicos cubanos do Brasil caso não fossem aprovados no exame de revalidação de diploma de médicos formados no exterior, o Revalida. A promessa também estava em seu plano de governo.

 Depois do anúncio do governo cubano, o presidente eleito se manifestou peloTwitter dizendo: "Condicionamos à continuidade do programa Mais Médicos a aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou."
Fonte: G1

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