Rodrigo Soares Borghetti, no site do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Guaíra-SP:
A terceirização da educação, tanto pública, quanto privada tem o escopo de fortalecer empresários e se torna uma porta aberta para a corrupção nas instituições públicas. Toda forma de terceirização abre portas para a corrupção, e isso já ocorre com as terceirizações de limpeza pública, obras públicas, fornecimento de merenda, etc. Além disso, a terceirização no serviço público gera a precarização dos mesmos. No caso da educação pública, a terceirização faz com que ensino e o aprendizado sejam sacrificados pela economia gerada por contratação de mão de obra barata. Um professor concursado tem tanto sua capacidade, quanto seu conhecimento da matéria testados em uma avaliação de provas e títulos Já o professor terceirizado será contratado pelo baixo valor que receberá, e consequentemente, não há de transmitir com eficácia o conhecimento aos nossos filhos, tendo em vista que não o possui nem para si mesmo.
A terceirização do ensino seja ele infantil, básico, médio ou superior, em tempo integral ou em períodos preestabelecidos, afundará pouco a pouco nosso país, que já possui baixíssimo nível escolar, multiplicando o leque de analfabetos funcionais munidos de diploma. E o administrador que tentar terceirizar desde creches, até escolas municipais, pode ser chamado de cego e irresponsável, que não pensa na população de sua cidade.
O aprendizado deve ser baseado em um projeto escolar de ensino e aprendizagem, o qual difere e muito do processo industrial ou mercantil. As Creches, Pré-Escolas, Escolas, Faculdades e Universidades não podem ser confundidas com mercearias ou supermercados. O processo pedagógico depende da existência de atividades cognitivas, emocionais, afetivas e principalmente de interação, além de entrega de professores bem formados e selecionados por concurso público. E isso é impossível de se realizar com professores que servirão apenas para tapar buracos, pois a continuidade do ensino e o método utilizado serão excluídos do ensino com a tal terceirização. Só os idiotas, aventureiros e desinformados podem pensar que a educação pode ser tratada como um serviço qualquer. Ela é muito mais que isso, a educação é o alicerce que sustentará a edificação de cidadãos dispostos a estudar, desenvolver, pesquisar, ensinar e se tornarem pessoas que farão a diferença nas mais vastas áreas profissionais.
Todas as escolas públicas devem ter projetos, que se iniciam nas Creches, Cecons e Escolas Municipais para oferecer condições de uma boa formação acadêmica futura. A terceirização tem a simples tarefa de trocar pessoas por robôs, por vídeo-aulas, onde os alunos terão um professor sentado, que passará vídeos ou informará um site, onde cada aluno será como um simples usuário de um sistema, e não uma pessoa questionadora, que pode ter um diálogo razoável ou pode resolver questões afeitas às relações humanas e sociais. A ânsia por enxugar a máquina pública, especificamente, na área da educação gerará a chamada “economia burra”, onde o gestor público economizará dinheiro, mas arruinará o futuro das pessoas que compõem a comunidade de determinado município.
A terceirização de professores é nociva ao aprendizado. Um professor terceirizado é como uma peça de reposição, ou seja, vai para onde a empresa mandar, sem criar vínculos com seus alunos, sem a necessária interação com o restante da equipe escolar, ou seja, defenderá apenas o interesse da empresa, deixando os alunos, os pais e o restante da comunidade escolar totalmente abandonados. A didática, o caráter pedagógico bem como a postura cobrada dentro e fora da aula ficará de em segundo plano, e o que prevalecerá será o interesse meramente mercantil do empresário frente à demanda por mão de obra barata e sem qualificação.
A sociedade vai perder, e muito. Os efeitos positivos serão somente em prol da administração e do empresário, relegando-se o interesse público a pouco menos que nada. O administrador que fizer isso é um carrasco, e a sociedade que deixar isso acontecer está fadada a um amanhecer impregnado pela ignorância.
Rodrigo Soares Borghetti, servidor público municipal, advogado militante, graduado em processamento de dados e tecnologia da informação, Presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Guaíra-SP.
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