Feira de Ilusões



Feira de Ilusões
Por Jose Pugliesi de Oliveira Neto


Desde que ouvi falar a primeira vez no projeto para construção de instalações para uma nova feira livre fiquei preocupado. Na semana passada com o anúncio de que um convênio no valor de R$ 250 mil estaria sendo assinado para sua execução, retomei com os amigos as discussões sobre o assunto.
A feira livre floresceu na Europa durante a Idade Média e teve papel fundamental no desenvolvimento das cidades e do chamado renascimento comercial observado durante o século XIII. Sua principal característica consiste até hoje, em todo mundo, participar na montagem e desmontagem de barracas.
É importante investir na feira livre em nossa cidade, proporcionando assim melhor qualidade de vida para os trabalhadores e para a população consumidora, mas o projeto apresentado pela administração municipal resume-se não em criar uma estrutura coberta para abrigar os feirantes, mas sim na desconstrução de um trecho da Avenida José Flores.
São várias as questões que apontam a inviabilidade do projeto e sua execução não passa de uma medida populista que visa beneficiar poucas pessoas que utilizarão o espaço público uma vez na semana.
Todos sabem que a cidade cresceu e a feira livre acontece aos domingos na Avenida José Flores e as quartas feiras no bairro Aniceto. Será construída uma estrutura também naquele bairro para atender os feirantes?
A construção da estrutura será feita no canteiro central da avenida, ou seja, o canal a céu aberto responsável pela captação das águas pluviais será tampado.
Com isso surgirão graves problemas. Para onde irá toda água da chuva que hoje o canal capta? Será criado um ambiente propício para enchentes naquela região? As próximas chuvas dão oportunidade para toda comunidade observar atentamente a verdadeira utilidade dos canais.
Assim que o canal for coberto, o espaço entre a laje e o fundo do canal será um depósito para os restos da feira aumentando assim a concentração de insetos e pequenos animais.
Como se isso não fosse tudo, o que é verde nesta parte da avenida será transformado em ferro e todos nós seremos obrigados a conviver com uma paisagem desagradável.
Levantado todos esses problemas ainda fica uma dúvida. Qual será o valor total da obra? Se for um milhão de reais, os duzentos e cinqüenta mil do convênio representarão apenas 25%. E o resto do dinheiro, vai sair do nosso bolso?
Realmente uma feira de ilusões. Se nossos administradores públicos estivessem tão preocupados com a vida do feirante guairense, não teriam fechado um contrato no valor de R$ 100 mil com um fornecedor de frutas, verduras e legumes de outra cidade, anulando assim uma promessa de campanha que dizia que os comerciantes de nossa cidade iriam ter preferência nas compras feitas pela prefeitura. Não é mesmo?
Uma solução para todo esse transtorno, seria a votação e aprovação de uma lei, pela Câmara Municipal, proibindo a construção de obras sobre os canais a céu aberto do sistema de captação de águas pluviais da cidade. Nossos vereadores precisam interferir em situações como esta para não acabarmos no futuro nos lamentando como fazem hoje os moradores da Avenida 5.

José Pugliesi de Oliveira Neto
josepugliesi@yahoo.com.br

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