Horário eleitoral de Dilma na TV esconde símbolos do PT

Programas deixam de lado a estrela, a cor vermelha e depoimentos de lideranças do partido.

Por Ranier Bragon, Marcio Falcão e Flávia Foreque

Ancorada na imagem de um presidente cuja popularidade ronda os 80% de aprovação, Dilma Rousseff abriu mão da imagem do PT e do reforço de figurões petistas. Nos 22 programas de TV exibidos até a última quinta-feira, petistas só conseguiram aparições-relâmpago, sendo que a estrela vermelha do partido se limita ao minúsculo pingo no "i" do nome da candidata.
As quase quatro horas de propaganda televisiva - haverá mais 16 programas até o dia 30 - se concentram na apresentação da candidata, com repetição de dados de sua biografia, em promessas genéricas e na exploração das realizações e da imagem do presidente Lula.
Ministra da Casa Civil e de Minas e Energia no governo Lula, Dilma começou sua carreira política no PDT e só se filiou ao PT em 2001.
A ausência de petistas de peso destoa das campanhas anteriores. Em 2002, o marqueteiro Duda Mendonça iniciou a propaganda de Lula na TV com a imagem de uma sala em que estrelas do partido trabalhavam no programa de governo do candidato. Entre outros, estavam Aloizio Mercadante, Antonio Palocci, José Dirceu e José Genoino. A estrela do PT e o vermelho tiveram papel relevante, incluindo a imagem de Lula e de uma criança abraçando o símbolo. Até agora, só o ex-governador Olívio Dutra (RS) falou no programa de Dilma.
LILÁS
Na convenção do partido que oficializou a candidatura de Dilma, em junho, o vermelho foi substituído pelo lilás, em uma estratégia para alavancar o voto feminino. Diferentemente de anos em que esconder o PT gerou reação, agora não há queixa.
A explicação oficial é que Dilma é candidata de uma frente ampla. "A Dilma não é a candidata do PT à Presidência, mas de uma coligação de dez partidos", diz o presidente do PT, José Eduardo Dutra.
De fato, esta é a maior coligação de uma candidatura presidencial do PT - 10 partidos contra média de quatro nas cinco eleições anteriores -, mas outros fatores ajudam a explicar o silêncio petista diante do sumiço de seus símbolos da propaganda.
Um deles é, ainda, reflexo do escândalo do mensalão, de 2005, que abalou a imagem do partido e abateu lideranças como o ex-ministro José Dirceu e José Genoino. Outro é o fato do capital eleitoral de Lula hoje ser muito maior do que o do partido e é o principal motivo para Dilma liderar as pesquisas.
A estratégia é comandada pelo marqueteiro João Santana, o mesmo da campanha de Lula à reeleição, em 2006, quando já reduziu referência ao PT por conta do mensalão.

Fonte: Jornal "Folha de S. Paulo" em oliveiradimas.blogspot.com

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