Carta Aberta dos Conselheiros de Participação Comunidade Negra de Guaíra-SP.

Foto: Símbolo do Conselho da Comunidade Negra do Muncípio e postada pelo blog junto a esse artigo.
É de conhecimento de todos Guairense que desde 29 de setembro de 2006 Lei Municipal nº 2.213 existe no município um Conselho composto por membros da Sociedade Civil e do Poder Público que atuam na Defesa e Garantia dos Direitos da População Negra deste município.
Estes conselheiros se utilizam deste espaço para repudiar a matéria veiculada neste Jornal, em 25/05/2011, na página 6, na coluna “Notinha sem Compromisso”, os membros deste Conselho como toda a população guairense depararam-se com um texto no qual se fazia menções de deboche à população negra.
Entendemos como deboche a piada onde o negro é exposto de forma a servir de chacota.
Para reforçar este ato de repúdio estes conselheiros se utilizam o texto de Paulo César Pereira de Oliveira, (Ribeirão Preto, 04 de Junho de 2009.) PARA DEMONSTRAR SUA INDIGNAÇÃO...
“Sonhei com africanos acorrentados no porto de Huyda esperando o embarque;
Sonhei com mulheres negras se jogando com seus filhos
no atlântico para não serem escravizadas;
Sonhei com os meninos chamados manequinhos
que serviam de brinquedos e para iniciação sexual dos sinhozinhos;
Sonhei com as mulheres negras sendo estupradas por seus senhores;
Sonhei com os negros que suicidavam, sonhando coma volta à mãe África através do ORI,
sacrificando a própria vida na luta contra a escravidão, tendo as suas cabeças cortadas;
Sonhei com os negros sendo chicoteados no pelourinho;
Sonhei com os negros que, no pós-abolição, erraram por vários caminhos sem poder
entrar nas cidades sob o risco de serem presos pela lei da vadiagem;
Sonhei com as nossas crianças que tiveram a maioridade penal abaixada de 14 para 09 anos, em 1891,
logo após a Lei Áurea, por causa das teorias racistas de Nina Rodrigues segundo as quais teríamos tendência precoce para o crime;
Sonhei com os sambistas sendo perseguidos pela polícia, como no samba do delegado Chico Palha “ele não prendia, só batia, ele não
prendia...”;
Sonhei com os nossos religiosos africanos tendo seus tambores rasgados e
sendo conduzidos à polícia ou a hospitais psiquiátricos;
Sonhei e revi as chacinas que vitimam nossos jovens negros da periferia cotidianamente;”
Estes Conselheiros entendem que o texto publicado incita a discriminação e
o preconceito à população negra e, estimula a desqualificação de uma etnia.
Mas, trás a tona uma grande verdade Ainda, Achamos engraçado desvalorizar o outro.
Reginaldo Ap. Izaías- Presidente do CMCN
Adeir Alves- Conselheiros do CMCN
Lucilia Firmino Silva- Conselheira do CMCN
Gracia Regina dos Santos Casado de Lima- Conselheira CMCN

Fonte: Jornal O Guaíra - 31/05/2011 - Página 08

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