Por nosso amigo Conrado Vitali, em seu blog:

A DISFUNÇÃO ERÉTIL E O PODER
O poder faz o pinto do político parecer maior e mais duro do que realmente é. Principalmente para ele mesmo. Entorpecido pela babação de ovo promovida diariamente pelos lacaios que o cercam e pela sensação de mando proporcionada pela posse de uma caneta que assina decretos, o governante se acha uma britadeira sexual. Por volta da meia idade ou um pouco mais (é nessa faixa etária que o sujeito que rema na política costuma chegar à foz ) é lógico que isso vai acabar em comédia. Ainda assim, o homem público e “respeitável pai de família’ (já percebeu o tanto que eles repetem isso a cada discurso ou pronunciamento; especialmente durante as campanhas ?) acha que compensa o risco. Guardadas as exceções cada vez mais raras (tenho imensa dificuldade em acreditar nelas), todo político que amealha algum poder na vida acaba experimentando uma amante ou periguete de ocasião. Juscelino, o presidente bossa nova, além dos casos fortuitos que colecionava, teve um longo relacionamento com a socialite carioca Maria Lúcia Pedroso. Mantinha um apartamento na praia do Leme, no Rio de Janeiro, onde se encontrava secretamente com a moça, que, como ele, era casada. Getúlio Vargas relacionou-se por mais de uma década com a atriz Virginia Lane. Até o discreto Fernando Henrique Cardoso sentiu-se há pouco tempo, depois de longo silêncio, na obrigação de reconhecer um filho fora do casamento. Logo depois, um teste de DNA mostrou que o rapaz não era seu descendente mas aí.... já era tarde. E foi assim que, como tantas outras, Dona Sarah Kubitscheck, Dona Darcy Vargas e Dona Ruth entraram para o panteão das traídas, uma extensa planície ocupada por mulheres que muitas vezes fazem vista grossa às puladas de cerca dos maridos para tocar a vida em relativa normalidade. Nada contra os pulinhos dos homens probos; afinal quem já não deu o seu? A fidelidade absoluta é uma criação da moral judaico-cristã que não resiste às tentações da natureza humana e aos escritos de Charles Darwin. O que não dá pra agüentar é a hipocrisia dos fariseus e sua pose pretensiosa como reservas morais da sociedade. Perto das galhadas das primeiras-damas o alce canadense vira um bichinho de pelúcia. E elas não estão apenas nas capitais. Seria trágico se não fosse cômico, muito cômico. O sujeito confunde investidura de poder com centimetragem peniana. É de chorar de rir. Amante de político cinqüentão é sempre candidata ao Oscar de melhor atriz coadjuvante (desnecessário dizer que na categoria melhor atriz principal concorre a patroa do infeliz). “Amor...você foi maravilhoso hoje”, diz ela quando, na verdade, sabe que trepou com o homem-borracha. Como já bem disse Stephen King, “só os inimigos dizem a verdade. Amigos e amantes, apanhados na teia da obrigação, mentem sem parar’. O governante trabalha como um louco, não tem horários civilizados para dormir ou comer, geralmente tem problemas de pressão, a cabeça está sempre ocupada com alguma teoria da conspiração e raramente pratica exercícios físicos. Como é que é o cara, nesse sentido, pode ser um “latin lover”? Simplesmente não pode. Não dá conta. A vida é cruel depois dos 40. Em novembro faço 43. Não fumo, bebo pouco (à exceção de porres homéricos bissextos quando estou a fim de tomar um bom scoth; de preferência presenteado por algum amigo), me alimento de forma equilibrada e faço musculação com regularidade. Mesmo assim, já jogo no time da qualidade; quando forço a quantidade sei que o sistema hidráulico pode pregar peças constrangedoras. O que dizer então das “britadeiras” que ocupam cargos públicos? Imagine a cena: longe dos olhos da população que governa e dos assessores que o adulam, na hora H, o governante falha com sua amante, em geral 20 anos mais nova. Como todo bom político e homem “honrado”, poderá dizer: “não se preocupe, vou pagar assim mesmo”. Ou então, num arroubo de cinismo, pode justificar apontando pro “morto”: “liga não, ele só faz isso pra chamar a atenção”.

Comentários