Por Conrado Vitali de Oliveira, em seu Facebook
Toda
profissão tem sua fauna de fracassados. Em geral, trata-se de gente
recalcada que aprendeu a viver com pouco como se isso fosse alguma
vantagem. No caso dos coleguinhas da escrita, são os poetas pobretões.
Como sabem que não vão passar do segundo degrau da pirâmide social,
contentam-se com carros usados, casas mal acabadas, roupas cafonas e
empregos miseráveis. Alimentam,
diligentes, a ditadura dos ofendidos. Acham que sua condição é
“heroica”, “um exemplo a ser seguido”. Como se humildade e pão com
mortadela os protegesse da crítica inteligente de concorrentes
vencedores. São antigos e recorrentes fregueses em qualquer disputa
travada com os raros “colegas” talentosos que lhes causam tanta
repulsa. Quando alguém os lembra que são perdedores contumazes, fadados a
vender rosquinhas e canecas para completar o orçamento, posam de
oprimidos. Na verdade, bem lá no fundo de sua baixa autoestima crônica,
gostariam de poder experimentar o pódio de quem os massacra com o pé
nas costas. Tentam. Tentam de novo. Tentam mais uma vez...mas a única
certeza que os esbofeteia é a percepção de que são limitados,
extremamente limitados. Aquela voz do bom senso sempre lhes diz,
baixinho, dilacerando seu orgulho: “sou um fodido; meu mundinho é esse
mesmo; não adianta forçar a barra...pau que nasce torto vai morrer
torto....mas tá bom assim....pra que uma vida melhor? Tomo minha
cervejinha e como minha carne de panela....encontrei a felicidade
assim....” Sei; então tá. O que mais os ofende é a certeza que
carregam dentro de si (sem assumir isso, é claro) de terem nascido para
serem presas fáceis na cadeia alimentar da profissão. Como membros da
Ditadura dos Ofendidos e do Clube dos Amigos do Politicamente Correto,
sempre sacam a mesma justificativa, lembrando de sua infância “humilde,
“de dificuldades”, “sem oportunidades” para poder dizer, no final do
choro piegas, que são “sobreviventes” e por isso sua situação “já está
de bom tamanho”. Conversa de perdedor. Desculpa esfarrapada de quem não
procurou prosperar. Pretexto de quem não teve ambição e agora tem de
olhar pra família, especialmente pra esposa, e lembrá-la que no altar
ela prometeu, perante o “Criador” ( como a religião é ópio dos
oprimidos, sim, eles são confessionais; buscam alento nos céus onde
imaginam que poderão desfrutar de uma igualdade que não conseguiram na
vida mundana), ficar ao seu lado na alegria e na tristeza, na riqueza e
na pobreza. Como a vida não é um altar e quando a coisa aperta não há
serviço de sacerdote delivery que dê jeito; essa conversinha de frouxo
não convence nem a mais franciscana das mulheres. A sensação permanente
de derrota os cega; os faz delirar. Alimentam, num esquema psicológico
de autossabotagem, a ilusão patética de que são “respeitados”,
“influentes” e que tem “força” para mudar alguma coisa. Ora, se não
conseguiram mudar sequer suas vidinhas suburbanas como conseguirão mudar
a rotação do planeta? Ora, francamente....coloquem o rabo entre as
pernas e procurem vender mais rosquinhas e canecas. Quem sabe dá para
comprar aquele vestido em 24 vezes que sua esposa está pedindo desde o
Natal retrasado.... “Amooooorrrrrr....tá saindo mais uma fornada de
rosquinhas....”
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