Por Conrado Vitali de Oliveira,nas Redes Sociais
Terra de seguidos estudos sociológicos sobre a sordidez e cara-de-pau do homo sapiens, Miraflores é uma usina de patifarias cuja hipocrisia todo mundo conhece mas poucos, por medo ou mais frequentemente por covardia calculada, têm coragem de colocar no trombone. Para o bem de toda a verdade - coisa que geralmente dá prejuízo e por isso mesmo costuma frequentar a parte debaixo do tapete, um ecossistema de sisal bandido que guarda toda a sujeira dos “impolutos” - algumas historinhas precisam ser contadas. É o caso clássico, por exemplo, da bandidagem praticada por impérios falidos iniciados na arte do calote. Um deles, tocado por uma pirralhete especializada na prática de ser mulher de malando (“meu bem, não bate que eu apaixono”), é pródigo na produção de delinquências em série. Diz a lenda que a pirralhete que o toca teria confiscado a herança da matriarca , precursora da insolvência do negócio, expulsando-a das salas decadentes que, bem ou m al, pagaram seu leite quando criança. A versão é nebulosa. Não se sabe se, de fato, houve fratricídio estimulado pelo malandro que contraiu matrimônio com a “pirra” para exercer a digníssima profissão de “marido” e nada mais; ou se tudo não passa de uma jogada sem vergonha para livrar mamãe do exército de credores.
Pelo sim, pelo não, é recomendável desconfiar de tudo. Afinal, não é de hoje que se sabe que o império agoniza mergulhado em dívidas que nunca são pagas e provoca cenas dantescas de exploração de funcionários. Financiar equipamentos em nome dos pobres diabos ou levantar dinheiro com cheques dos inocentes para, ato contínuo, não honrá-los simples e friamente sujando seu nome é prática corrente do modus operandi da Casa dos Horrores. A memória do fundador que se lasque; “vale tudo para não afundarmos”. Sem um dólar furado guardado no porquinho de louça (pode chacoalhar à vontade que não cai nada), o império vive seus piores momentos. Há quem diga que o baixar das portas ou a venda na bacia das almas é uma simples questão de tempo. Com o fim dos contratos salva-vidas com o poder central depois de anos de achaque aos cofres da viúva, a coisa desandou de vez. Sem o precioso e humilhante dinheirinho da loba, o desespero bateu. Os sintomas são visíveis e risíveis ao estilo “anuncie com a gente e ganhe horas de prazer a partir de nossas calças arriadas”. Numa situação dessas, mais que em qualquer outro momento da história do império falido, o espírito de Seu Samuel Blaustein baixa direto; o download do Além não precisa sequer da intermediação de psicografias...”Fazemos qualquer negócio”. Entre uma demissão e outra de funcionários para enxugar gelo (prática que vem ganhando ares de rotina desesperada) estão os negócios que o império fecha para prolongar sua vida moribunda ao invés de praticar o que seria uma providencial eutanásia; entre os quais, um contrato suspeitíssimo com a não menos suspeita “Câmara dos Lordes”, nome carinhosamente cínico usado pela plebe para identificar o parlamento de Miraflores. Pelos termos do papelório, a “Câmara dos Lordes” , que abriga uma ala de dinossauros em fim de espécie depois do meteoro de outubro, dedica-se a mandar às vitrines decadentes do império “Ajuda Nóis Que Nóis ajuda Ocêis” propagandas personalistas mal disfarçadas na forma de letras e figuras de “utilidade pública” que entregam, de forma escandalosamente escancarada, a prática da publicidade pessoal com dinheiro da plebe. No fundo e por trás, riem (a Pirralhete, o Malandro, a Matriarca e os Lordes Inúteis) dos miraflorenses que , como uma imensa tropa de mulas, insistem em acreditar que há bondade na cara-de-pau de quem especializou-se em orar, a cada final de expediente: “o calote é meu pastor e nada me faltará”. Sobem os caracteres: “esta é uma obra ficção; qualquer semelhança com fatos, acontecimentos e pessoas terá sido mera coincidência”. Ou....não....Como diria Caetano, o Seboso.
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